Blasphemous é um jogo que estava no meu radar a muito tempo. Mesmo com
um backlog grande, eu monitorava os sites (apenas de consoles) a procura de
promoções dele. O tempo passou e acabei deixando ele de lado, para quem sabe
um dia poder jogá-lo.
Esse dia aconteceu e graças a Team17 tive a chance de testá-lo no meu
Switch Lite. Bom, na verdade, o Switch é do meu filho, mas ele
me emprestou. Pelo menos nas horas que ele não está jogando o
Super Mario Maker 2.
Enfim, nas próximas linhas compartilharei a minha experiência com esse
maravilhoso jogo.
Os desenvolvedores
Os criadores
The Game Kitchen é um estúdio independente de desenvolvimento de jogos
com sede em Sevilha, Espanha. Eles lançaram dois títulos:
The Last Door e Blasphemous. O estúdio teve reconhecimento
mundial depois do sucesso do seu último game.
O estúdio foi fundado em 2010 por um grupo de amigos. Isso aconteceu logo
depois que eles venceram o concurso da Microsoft: FreamBuildPlay 2009.
Depois disso, os desenvolvedores lançaram uma campanha de financiamento no
Kickstarter para o lançamento oficial do seu primeiro jogo:
The Last Door.
The Last Door é um jogo point-and-click de terror e aventura. Ele se
baseia nas obras de Allan Edgar Poe e H.P. Lovecraft. O game foi
lançado por episódio e o seu desenvolvimento durou 3 anos, totalizando duas
temporadas e oito capítulos.
The Last Door
O próximo projeto seria o Blasphemous e a equipe resolveu seguir o
mesmo caminho do projeto anterior, lançando uma nova campanha no
Kickstarter. Blasphemous é um jogo de plataforma e ação, feito
em 2D, com elementos metroidvania e uma belíssima pixel art.
O jogo representa, de uma forma exagerada, elementos blasfemos e paródicos do
folclore da Semana Santa Espanhola, especialmente a de Sevilha.
Imagem de uma procissão na semana santa
Sinopse do game
Uma horrível maldição, conhecida apenas como O Milagre, caiu sobre a terra
de Cvstodia e a sua população.
Jogue como o Penitente — o único sobrevivente do massacre do “Sofrimento
Silencioso”. Preso em um ciclo sem fim de morte e renascimento, cabe a você
libertar o mundo desse terrível destino e alcançar a origem de sua angústia.
Explore esse mundo aterrorizante de religião distorcida e descubra seus
diversos e profundos segredos. Realize combos devastadores e execuções
brutais para abater as hordas de monstros grotescos e chefes titânicos,
prontos para dilacerar seus membros, um de cada vez.
Encontre e equipe-se com relíquias, contas de rosário e orações que invocam
os poderes dos céus para lhe auxiliarem em sua jornada para se livrar da
condenação eterna.
O início da jornada
O Penitente, nome do protagonista, está caído em cima de uma pilha de
corpos. Aos poucos, ele recobra os sentidos e se levanta. Passamos a
controlá-lo a partir desse ponto.
Em um primeiro momento, o sistema nos ensina a lidar com os comandos mais
básicos do game, até chegarmos no primeiro ponto de salvamento. Uma espécie
de altar, onde o penitente se ajoelha e o progresso do game é salvo.
Em seguida nos deparamos com uma criatura estranha, que teima em desferir
golpes nas dezenas de corpos espalhados pelo chão. Acredito que a intenção
dele seja matar qualquer penitente que tenha sobrevivido.
Nesse ponto a desenvolvedora deixa claro do que se trata o
Blasphemous. Antes dessa criatura, não enfrentamos nenhuma outra e os
caras já botam um boss logo de cara. Ele não é difícil, mas deixa claro o
tipo de criatura e desafios que enfrentaremos durante a jornada.
Um mundo lindo e opressor ao mesmo tempo
Tudo em Blasphemous é belo, sinistro e misterioso. A direção de arte
do game elevou o pixel art a um nível absurdo. O resultado do trabalho
incrível dos desenvolvedores é visto nos cenários, que são incrivelmente
detalhados e nas animações, presentes nas cutscenes e nas execuções.
As execuções são momentos em que os inimigos, não os bosses, recebem um
ataque crítico e ficam paralisados, dando a oportunidade ao jogador de
executá-los. As animações relacionadas às execuções são diferentes entre as
criaturas. Pode parecer estranho o que direi, mas era maravilhoso ir atrás
de novos inimigos para tentar executá-los, só para ver as suas respectivas
animações.
Cvstódia é grande e muito bem estruturada. Os cenários conseguem
apresentar lugares extremamente pobres, em contraste com outros, que parecem
ser verdadeiros palácios. Uma coisa que me prende em determinados jogos são
os itens, detalhes, estátuas espalhadas pelos estágios, que tentam, de
alguma forma, dar vida aquele universo.
Em Blasphemous vemos estátuas gigantes de mulheres chorando, pessoas
vivas penduradas em postes ou sinos gigantes caídos no chão. Várias foram as
vezes que me peguei parado observando eles, tentando imaginar o que
aconteceu ali.
Os modelos dos personagens são bem detalhados, tanto no que diz respeito à
parte estética, como, também às suas respectivas movimentações. Se você
prestar atenção a cada um dos inimigos que enfrentará no jogo, perceberá
que cada um deles possui um conjunto único de movimentação.
Uma outra coisa que percebi, isso depois de começar o New Game+, foi a
presença de pessoas que surgem no entorno de uma igreja localizada em
Albero. Na medida que damos o dízimo, tudo muda ao seu redor, desde a
presença de um lindo cachorrinho, até a fixação de quadros de arte dentro
do templo.
Diante do inimigo
Com relação a dificuldade, o estúdio fez um excelente trabalho, deixando o
jogo bem balanceado. Há momentos tensos no game, que exigirão do jogador
reflexos apurados e habilidade nos controles.
Mas nada que soe injusto, como acontece em alguns títulos. A sensação que
tive foi que os grandes embates acontecem no momento certo, respeitando a
evolução do nível do personagem.
Os controles do jogo são precisos e respondem maravilhosamente bem aos
comandos. Eles não me desapontaram em nenhum momento da jogatina.
O penitente usa apenas uma arma no game - a espada Mea Culpa - e isso
pode soar desanimador para os fãs do gênero, que estão acostumados com
protagonistas que carregam mais de um tipo de arma.
Eu acredito que esse sentimento negativo, da ausência de outras armas,
sumirá assim que o jogador fizer a primeira atualização na arma. Ela
acontece, quando encontramos os altares de Mea Culpa. Eles ficam escondidos
e cabe a nós, descobrir a localização de todos.
Felizmente o combate não ficou limitado apenas a uma arma, ele se estende a
outros itens:
Contas do rosário: permite que o Penitente insira itens nele, que
trarão benefícios ao personagem.
Relíquias: item especial que dará ao penitente alguma habilidade
especial, como por exemplo, a formação de plataformas de sangue,
Faltou falar sobre as Orações, o nome dado aos poderes especiais do
guerreiro. Nós conseguimos esses poderes ao longo do jogo e eles só podem
ser executados se tivermos fervor suficiente. Esse fervor seria o que
chamamos em outros jogos de MP.
Vale a pena?
Eu recomendo FORTEMENTE que joguem ele. Considero o Blasphemous como
um dos melhores metroidvanias que já joguei na vida.
Ele tem todas as características que um bom metroidvania precisa. Os
conteúdos disponibilizados depois do lançamento elevam o game a outro
patamar, ampliando as horas de gameplay.
Eu pretendo continuar a minha jornada no universo do game, porque um dos
DLCs só está disponível no New Game Plus.
Esta análise só foi possível graças a Team17, que gentilmente nos
disponibilizaram uma cópia para avaliação do jogo, fica aqui o nosso
agradecimento pela confiança. O jogo foi lançado para
Xbox One, PS4, Nintendo Switch, PC.