Memórias - O avião chefe

Tela inicial do jogo

O meu primeiro console foi um NES. Não o original, mas sim um clone. Um dos muitos consoles vendidos no Brasil na década de 90. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que o meu pai comprou dois jogos. Sendo um deles o famoso 1942. Um “joguinho” de avião ambientado na Guerra do Pacífico, um dos teatros de operações da Segunda Guerra Mundial.

Você controlava um avião do modelo Lockheed P-38 Lightning (imagem abaixo), que decolava de um porta-aviões no meio do oceano. De uma forma resumida a missão era desviar dos tiros inimigos (que eram muitos), abater os aviões adversários e chegar ao porta-aviões novamente. A premissa do game era tão simples, que larguei o jogo de lado rapidamente.

Lockheed P-38 Lightning | Fonte: www.us-militaria.com

Naquele tempo um cartucho custava caro. Eu não tinha muitas opções para jogar. Então resolvi investir o meu tempo novamente no 1942. E aos poucos fui pegando gosto pelo jogo. Eu não era o único, naquela época o meu pai e um primo jogavam comigo. Dia após dia tentávamos superar as barreiras que surgiam a cada decolagem do porta-aviões.

O porta-aviões

Eu estudava no período da manhã, por isso, eu só conseguia jogar na parte da tarde. Em um certo dia, voltando da escola, fui informado pelo meu primo que ele e o meu pai tinham conseguido chegar em um chefe, um avião enorme, mas que acabaram perdendo para ele facilmente.  Eu não acreditei naquilo. Joguei tantas vezes esse jogo, que não tinha me deparado nenhuma vez com esse tal avião. Mal coloquei o pé na porta de casa e já indaguei o meu pai sobre a história. E ele confirmou tudo. Naquele momento fiquei obcecado em ver esse tal de avião chefe.

Conclui minhas tarefas escolares e iniciei a jogatina. Tentamos diversas vezes chegar nesse boss. Depois de algumas tentativas ele surgiu (imagem abaixo). Era um avião enorme. Ele atirava para todos os lados. Tentamos de todas as formas vencê-lo, tentamos até mesmo jogar o nosso avião contra o terrível inimigo, com a esperança de destruí-lo e de iniciarmos um pouco à frente da área que ele surgia. Mas nada do que fizemos funcionou. Parecia impossível vencer aquele combate.

O avião chefe

Aquela experiência me deixou com a cabeça a mil. A todo momento eu me pegava pensando em como derrotá-lo. Fui dormir. E naquela noite tive um sonho. Sonhei jogando 1942. O dia amanheceu e a primeira coisa que disse para o meu pai foi: “ Eu sei como derrotar o avião chefe ”. Lá estava eu novamente pilotando o Lockheed P-38. Depois de algum tempo, ele surgiu. O grande inimigo. O obstáculo intransponível. Mas desta vez, eu estava preparado. Fiz o mesmo que no sonho. Coloquei o meu avião colado a asa direita do adversário e não parei de atirar.

P-38 posicionado conforme o sonho

Para a minha surpresa, deu certo. O avião foi abatido. O meu pai e o meu primo comemoravam ao meu lado. Eu, surpreso, não acreditava que de um sonho veio a resposta para vencer aquele chefe.